Um bonde chamado desejo - funeral
"A Streetcar Named Desire" (Um bonde chamado desejo) retrata a história de Blanche Debois, uma mulher com grandes conflitos psicológicos que busca refúgio na casa da irmã (Stela), que vive em Nova Orleans. Stela é casada com Stanley, um homem de modos brutos que, aos poucos, perceberá as verdades que Blanche tenta esconder sobre seu passado (principalmente o fato de ter se prostituído para sobreviver). Com o tempo, toda a imagem de pureza, delicadeza e inocência que Blanche (branca, em francês) tenta passar não passa de uma fantasia para maquear sua depravação e vício. O filme baseia-se na peça de Tennessee Williams escrita em 1947 e que tenta mostrar, por meio das personagens, a hipocrisia da sociedade que se traveste e explora o indivíduo.
Nesta cena, uma vendedora de flores passa oferecendo "flores para los muertos". Mitchel, enamorado por Blanche, encontra-se com ela, enquanto Stanley está com Stela (parturiente) no hospital. Blanche embebeda-se e começa a delirar, pensando na música que tocava quando seu marido morreu. Revela seus segredos a Mitchel, e depois o expulsa. A introdução da cena com a florista e a frase que a mulher usa como mote para suas vendas criam uma atmosfera de funeral, preparando para o desfecho em que Blanche se fechará em sua loucura e terá de se despedir definitivamente do mundo dos "vivos", passando a viver reclusa num hospício. A cena permite a reflexão e o debate em torno dos limites entre realidade e loucura, fantasia e loucura, além de servir de crítica ao domínio tradicional do homem sobre a mulher, assim como do reflexo dessa tendência por meio do poder sobre o corpo (estupro) e a reação da mulher contra esse domínio.
A Streetcar Named Desire, drama, EUA, 1995, 156min.; COR. Direção: Glenn Jordan.
Palavras-chave: morte, confissão, catarse, loucura, descontrole, fluxo de consciência.
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